Excerto de: Le belle aux anthocyanes |
FIGURA 1 - Corresponde às leituras gravadas no VÍDEO |
Para além da leitura, este tipo de textos também permite explorar a escrita, em jogos simples de iniciação [FIGURA 2]:
Ensaiar outras combinações com as mesmas palavras;FIGURA 2 - Substituir a forma verbal: os dias chegam…;
- Recriar com outras palavras: o sol nasce…; a noite cai…; a lua chega…;
- Colocar a noite sem tirar o dia: todos os dias a noite cai…
- Tirar o dia e colocar a noite e a lua: todas as noites a lua vem…
- Substituir o dia pela manhã e trazer o sol: todas as manhãs nasce o sol…
Este jogo de combinações, dentro do mesmo conjunto de palavras, sem outra preocupação que não seja estar atento às modulações sonoras da voz alta quando lê, ajuda a perceber que a posição que a palavra ocupa na frase [e a intenção com que é repetida]*** não é indiferente ao prazer do texto. E quando desafiamos as crianças a substituir palavras do texto, por novas palavras do seu universo linguístico, para além de favorecermos o aumento do vocabulário visual básico de que necessitam, para as suas primeiras aventuras no mundo da escrita, temos a oportunidade de mostrar que estas substituições obrigam, muitas vezes, a fazer pequenos [ou grandes] ajustes para que o texto as aceite: uma palavra que muda de género, outra que vira do plural para o singular, e outras intervenções que, com o tempo, serão mais complexas.
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*** A repetição de uma ou mais palavras na frase ou em frases seguidas, com intenção comunicativa, é das habilidades de escrita mais difíceis de ensinar. Em regra, as repetições que vemos nos textos de crianças, que estão no início da sua aprendizagem, perturbam mais do que reforçam, a comunicação. Porque há um sentido estético nestas repetições, a que só é possível aceder se, desde muito cedo, o escrevente aprendiz tiver oportunidade de escrever os seus textos, recriando os escritores que, como Alberto Pimenta, tiram partido destas repetições.
Relato de Daniel Lousada